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LEMOS, A. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina. 2002.

Fonte: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/cibercultura-tecnologia-e-vida-social-na-cultura-contempor-nea

Para a primeira aproximação com o objeto da investigação, ou seja, sobre a cibercultura, o autor refere que é necessário voltar no tempo histórico, para mostrar os simbolismos deste fenômeno técnico, bem como as suas implicações socioculturais e filosóficas. Para o autor, a forma técnica da nossa atual sociedade tecnológica da comunicação e da informação foi produzida nos primórdios do homem a partir da sua associação com a natureza.

A cibercultura transforma a sociedade do século XX: as sociedades do consumo e do espetáculo, e dá forma à sociedade do século XXI: a sociedade da comunicação e da informação e das novas tecnologias de simulação. A simulação digital manipula o espetáculo analógico. (LEMOS, 2010, pp. 257, 258 e 259).

Lemos confronta as duas sociedades: Moderna, do século XX e observa a sociedade Contemporânea do século XXI a qual denomina de sociedade da comunicação e da informação e das novas tecnologias de simulação. A nossa sociedade (pós-moderna), deve ser observada, refere, pois as novas tecnologias estão em todo lugar, “trata-se de uma sociedade que aproxima a técnica [...] do prazer estético e comunitário”. A sociedade “tribal” que ele diz ser dispersa, efêmera, voltada para o compartilhamento de emoções e agrupamentos festivos virtuais, que Lemos por todo o livro vai chamar de “socialidade”, termo usado por Michel Mafesoli. Lemos esclarece que na concepção de sociabilidade os sujeitos realizam funções práticas, objetivas e sem emoções, coisas que não se fazem presente na “socialidade” das redes. Para Lemos a atual sociedade tem como finalidade de vida ‘ser feliz’ (hedonismo) e se apropria dos conteúdos da “sociedade do espetáculo” (assim denominada por Guy Debord). Ambas coexistem, segundo o autor.

O conceito de sociabilidade significa que os sujeitos desenvolvem funções práticas, precisas, objetivas, racionais. Já o conceito de Maffesoli, “socialidade” é uma fenomenologia do social em que os sujeitos desenvolvem agrupamentos festivos, solidários, empáticos (sentir o que sente a outra pessoa), emotivos, cotidianos, do “estar junto”. (LEMOS, 2010, p.21, nota 3).

As novas tecnologias da comunicação e da informação surgem a partir de 1975 com a fusão das telecomunicações analógicas com a informática sendo então possível a veiculação de diversas formatações de mensagens em um mesmo suporte – a internet, e agora sem obedecer a hierarquia da comunicação de massa que dita regras “um-para-todos”, e sim, à multiplicidade, do que já está subjacente no homem arquétipo, (homem primordial, homem modelo ou homem em sua essência), a mensagem na forma “todos-para-todos”. (LEMOS, 2010, p.68).

A cultura do impresso vinga (tem vida) do século XV até fins do século XX, (LEMOS, 2010, p.70). Dito isso, fica explícito que o mágico, a tradição, o maravilhoso, está de volta... Por atalhos, conexões, links, é possível navegar pelo espaço cibernético e entrar no tempo. Sabemos que se olhamos uma obra de arte estamos no espaço, se construímos uma obra de arte estamos no tempo.

Cibercultura é o espaço das redes sociais e todo o seu desenvolvimento é ligado aos microcomputadores (na metade dos anos 70), à Internet ou rede das redes e à web ou teia mundial. O que caracteriza a cibercultura é a ação conjunta entre a técnica e o social, sem que nenhum desses dois elementos seja tecnocrático, ou seja, tenha o poder. (LEMOS, 2010, p.267, nota 286).

A informática é uma ciência com base na ciência metafísica Cibernética que [...] estuda o controle de processos de comunicação entre: homens e máquinas; homens e homens; e homens e máquinas e máquinas [...]. (LEMOS, 2010, p.189). Passado certo tempo a cibernética se separa da informática. A informática passa a ser uma técnica de manipulação ou automação da informação e a cibernética a ser um modo de pensar os usos das ferramentas de comunicação da máquina computer, aquela que conta, ordena, automatiza, classifica. (LEMOS, 2010, p.102 e 103).

A palavra “cibernética” foi usada por Norbert Wiener (1894–1964) (Cf.em:http://old.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=90. Acesso em: 2 dez. 2012), no seu livro Cibernética ou Controle e Comunicação no Animal e Máquina em 1948 e deriva da palavra grega kubernetes, que significa “o piloto”, “o controle”, “o governo”. No sentido amplo ciberespaço é o espaço das redes sociais. Redes sociais são todas as variadas atividades exercidas por elementos humanos no ambiente do ciberespaço. Todas as ações humanas no ciberespaço são ligadas a três componentes básicos: aos computadores, à internet e à web.

Computadores são máquinas telemáticas criadas à semelhança dos sentidos e das inteligências humanas. Destas atividades (LEMOS; LÉVY, 2010, p: 27) surge a cultura do ciberespaço cujos três princípios são: emissão; conexão e reconfiguração, ou seja, as ações da cibercultura estão nos princípios fundamentais do ciberespaço, que são: produzir, distribuir e compartilhar. (LEMOS; LÉVY, 2010, p.51).

Ciberespaço é um neologismo criado por William Gibson no romance de ficção intitulado Neuromancer em 1982. É o novo espaço público. A ágora da Grécia antiga foi o espaço das conversas, por isso o espaço da democracia. O ciberespaço é o receptáculo da inteligência coletiva. Os dois autores referem que o termo é uma referência direta à cibernética – a ciência surgida no final dos anos 40, que estuda o controle e funcionamento dos organismos das máquinas e dos animais. (LEMOS; LÉVY, 2010, p: 51).

Informática é a ciência do tratamento da informação, de modo automático e racional como suporte de conhecimentos e comunicações. O conjunto de aplicações dessa ciência compreende a máquina (hardware) ou parte dura, tudo o que se pode pegar e o programa (software), parte leve, que não se pode pegar, mas sim, operacionalizar.

Internet significa uma estrutura telemática ligada a conceitos como interatividade (receptor interagir ativa e mutuamente com o emissor), simultaneidade (ações realizadas ao mesmo tempo), circulação (circuito comunicativo circular) e tactalidade (sentido que percebe a presença de algo). (LEMOS, 2010, p.137).

A raiz “ciber” se origina da palavra grega Kubernetes (a arte do controle, da pilotagem, do governo), mas, como irá mostrar ao longo do livro, diz, a cibercultura não parece, como muitos acreditam, ser dominada por um olho onisciente (que tudo sabe) e onipresente (que tudo vê) de um Big Brother¹ timoneiro. (LEMOS, 2010, p. 18).
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¹ - "O Espetáculo do Homem Verdadeiro" romance de George Orwell de 1948 no qual há um rosto bondoso: o Grande Irmão. O livro trata sobre o controle do corpo, corações e mentes das pessoas por meio de dispositivos de vigilância. Nessa sociedade que diariamente conversa com a tela de TV sem compreender o real significado das palavras, existe o “Ministério da Verdade”, cuja função é produzir a mentira a serviço do poder do Big Brother. (CHAUÍ, 2010, p.369).

A rede mundial é um contexto de comunicação telemática planetária e multimodal (LEMOS, 2010, p.139), enquanto que a web é um dos meios da rede mundial, é o hipertexto multimídia da internet (LEMOS, 2010, p.123).

Nesse contexto se insere o ciberespaço. Ciberespaço é o fenômeno técnico e social onde estão as redes sociais. É uma tecnologia retribalizante, que com a socialidade contemporânea produz a cibercultura. (LEMOS, 2010, p.71). Para explicá-lo refere que o ciberespaço é um espaço sagrado onde circulam conhecimentos e informações.

O autor aproxima o ciberespaço da Hermenêutica – a arte baseada em cálculos para interpretar livros sagrados; textos antigos; leis; sinais e símbolos de uma cultura. Para ele, essa técnica Hermenêutica é [...] uma técnica mágica de armazenamento e de tratamento de informações [...] (LEMOS, 2010, p. 129). O autor aproxima também o ciberespaço da Mnemônica – a arte de memorizar por associações. (IDEM, IBIDEM).

À título de informação, buscou-se saber algo sobre o que é memória e descobriu-se sob pesquisas em vários sites na internet, que na mitologia grega Mnemosina é a deusa da memória, esposa de Zeus e mãe de Euterpe (a música). Euterpe é uma das nove musas que presidiam as artes e foram nascidas para cantar as vitórias dos atletas olímpicos.

Voltando ao autor, ele refere (LEMOS, 2010, p.129) que o poeta grego Simonide de Céos (556 – 469 a.C), teve a ideia de que a memória poderia ser uma casa onde seriam colocadas uma informação em cada aposento. Ao ser feito um percurso imaginário em cada aposento da casa as informações seriam relembradas. Aproxima também o ciberespaço da Árvore da Ciência (LEMOS, 2010, p.130) a arte medieval de memorizar do poeta (da região nordeste da Espanha, Catalunha) chamado Lull.

[...] Da mesma forma a metáfora da teia (a Web), que liga todas as informações disponíveis no planeta, serve hoje como imagem para o ciberespaço. As interfaces gráficas são também metáforas e alegorias cognitivas visando buscar informações (o que chamamos metaforicamente de navegação). Assim, manipular os ícones gráficos das interfaces revela a essência da manipulação mágica que está presente no ciberespaço. A manipulação mágica do mundo, como a manipulação de dados no ciberespaço situam-se na mesma dinâmica [...]. (LEMOS, 2010, p.130).

Lemos diz que pensar sobre a nova forma de comunicação realizada na nova mídia Internet exige grandes esforços. E cita o filósofo e educador Marshall McLuhan (1911 – Canadá, Estados Unidos – 1980).

Segundo Chauí (2010, p.p. 364 e 365) no ensaio intitulado “Visão, Som e Fúria”, McLuhan empolgado com as suas teorias sobre o que denominou de “a mecanização da expressão humana”, teorias oriundas dos seus estudos sobre a evolução dos meios de comunicação, MacLuhan escreve: [...] Hoje invadimos culturas inteiras com informação enlatada, diversão e ideias [...]. Foi esse o alegre pensamento de MacLuhan sobre a cultura da Idade Moderna (que tem início em 1453, quando termina a Idade Média, e se estende até 1789, quando começa a Revolução Francesa). Para McLuhan, [...] que foi o começo de tudo [...] (que conseguiu descobrir a verdade sobre o que representa comunicar), refere Lemos com empolgação, para o pensador canadense, esses novos meios favorecem a tactalidade, a volta à oralidade e a entrada no espaço-tempo, tal como a evolução e uso das mãos (desenvolvimento do dedo polegar) pelos primeiros antropoides permitiu a técnica e depois a linguagem. Do mesmo modo como as técnicas são prolongamentos de nossos corpos, próteses dos nossos sentidos, diz ele, esses novos meios da internet são o prolongamento do nosso sistema nervoso. A escrita e a imprensa destribalizaram o homem (ele parou de contar narrativas ao redor de amigos, família... MacLuhan mostrou como os meios de comunicação modificam a nossa visão de mundo e nos colocam na aldeia global. (LEMOS, 2010, p.69).

A vida social contemporânea ou Pós-Moderna [...] é o momento de implosão e de inversão, onde a sensação mítica do primitivo é reconectada à sociedade tecnológica [...] em direção às tecnologias do virtual [...]. (LEMOS, 2010, p.67, apud KROKER). É esse processo de institui uma nova forma de relação espaço-temporal.
Nessa pós-modernidade, segundo o autor:[...] o sentimento é o de compressão do espaço e do tempo, onde o tempo real (imediato) e as redes telemáticas, desterritorializam (desespacializam) a cultura, tendo um forte impacto nas estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais. O tempo é, assim, um modo de aniquilar o espaço. Esse é o ambiente comunicacional da cibercultura. [...]. (LEMOS, 2010, p.68).

Vale ressaltar que o termo “pós-moderno” apareceu pela primeira vez em 1934 em uma antologia poética de Federico de Osnis. (LEMOS, 2010, p. 275, nota 456).

Com a contração do planeta pelos novos meios digitais, refere, transformamo-nos em várias e idiossincráticas (jeito próprio de ser, ver, sentir, reagir, de cada indivíduo) aldeias globais, no rumo de realizar no ciberespaço o grande sonho enciclopédico de, em uma única mídia, armazenar todo o conhecimento da humanidade e em disponibilidade a todos. (LEMOS, 2010, p.71).



REFERÊNCIAS

CHAUÍ,Marilena. Convite à Filosofia. Edição 14ª ; São Paulo: Ática, 2010

LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 5ª edição; Porto Alegre: Sulina, 2010

LEMOS, André; LÉVY Pierre. O Futuro da Internet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. 2ª edição; São Paulo: Paulus, 2010