Deprecated: Function get_magic_quotes_gpc() is deprecated in /home2/tonyso97/public_html/libraries/f0f/input/input.php on line 102

Deprecated: Function get_magic_quotes_gpc() is deprecated in /home2/tonyso97/public_html/libraries/f0f/input/input.php on line 102

Deprecated: Function get_magic_quotes_gpc() is deprecated in /home2/tonyso97/public_html/libraries/f0f/input/input.php on line 102
Weblog ou blog: Weblog como objeto da Ciência da Informação

DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.9  n.5 out/08                            ARTIGO 03 


Weblog como objeto da Ciência da Informação
Weblog as a study of Information Science

por Inara Souza da Silva

 

Resumo: Este artigo apresenta o weblog como objeto de estudo da Ciência da Informação, um suporte que oferece inúmeras possibilidades para tratar conteúdos e que tem sido utilizado em diversos setores da sociedade para a publicação, compartilhamento e colaboração de informações na Internet. Fato que reforça o tema como preocupação da área já que o uso de weblog está cada vez mais popularizado na rede mundial de computadores. Isto porque a ferramenta flexível pode ser utilizada por qualquer pessoa que não tenha conhecimentos específicos de programação. Para publicar no sistema, basta que o usuário faça um cadastro e envie seu conteúdo por meio de um formulário auto-explicativo. Devido à facilidade, por muito tempo o weblog foi mais conhecido como diário virtual utilizado por adolescentes para o registro das atividades diárias entre amigos. Aos poucos passou a ser adotado também por outros setores, como as empresas para que funcionários e chefias registrem conhecimentos tácitos e a rotina de trabalho; na educação para a colaboração e construção do aprendizado entre professores e alunos. No jornalismo, o weblog tem sido adotado como fonte alternativa para a disseminação de informações e opiniões. As bibliotecas, arquivos e centros de documentação têm optado pelo weblog como canal adicional de comunicação com o usuário.
Palavras-chave: Weblog; Comunicação; Informação; Banco de dados; Compartilhamento; Colaboração.
 

Abstract: TThis paper presents the weblog as a study of Information Science, a medium that offers many possibilities to treat content and has been used in various sectors of society for publication, sharing and collaboration of information. The flexible tool can be used by anyone who does not have specific knowledge of programming. To use the system, just that you make a register and submit their content using a form. For a long time, the weblog was known as virtual daily use by adolescents for the record of daily activities. Gradually it came to be adopted by other sectors such as businesses so that officials and managers and record tacit knowledge, in education for the construction of learning. In journalism, the weblog has been adopted for the dissemination of information and opinions. The libraries, archives and documentation centres have opted for weblog as additional channel of communication with the user.  
Keywords:  Weblog; Communication; Information; Database; Sharing; Collaboration.

 


Introdução
Com o advento da indústria da informação eletrônica, o alvo da Ciência da Informação não é mais “a biblioteca, o livro, o centro de documentação e o documento, o museu e o objeto, mas a informação” (Le Coadic, 1996, p 21). Neste contexto, Le Coadic (1996) ressalta que a sociedade da informação precisa de uma ciência que estude as propriedades da informação e os processos de sua construção, comunicação e uso diante de três categorias de mudanças: culturais, econômicas e tecnológicas.


O fenômeno tecnológico alvo deste estudo é a Internet, considerada a espinha dorsal da comunicação global mediada por computadores (CMC), que oferece, entre tantos serviços, a possibilidade de publicação em weblogs, conhecido também como diário online. A Internet é um meio de comunicação interativo, universal, com a penetração mais veloz que qualquer outro meio de comunicação na história da humanidade. Em apenas três anos de funcionamento nos Estados Unidos a rede atingiu 60 milhões de pessoas. Marca que o rádio levou 30 anos para atingir e que a televisão só foi alcançar em 15 anos (Castells, 1999).


O ambiente digital favorece a criação de canais de informação, compartilhamento e colaboração. Na comunicação eletrônica, o receptor pode atuar desde a geração da informação, postando um documento; no processamento do documento (documentação); na difusão (comunicação), no uso, assimilação e recuperação da informação com acesso online em arquivos por meio das ferramentas de buscas. (Barreto, 1998).

E é neste contexto que este estudo propõe o weblog como objeto de estudo da Ciência da Informação. Isto porque, como define Meadows (2001), o uso das tecnologias não representa simplesmente um novo canal de comunicação, mas um conjunto de possibilidades para tratar a informação. 

A Ciência da Informação
Para estudar weblog como objeto da Ciência da Informação é preciso conceituar esta disciplina. Conforme Barreto (2002), o objeto da Ciência da Informação é a preocupação “com os princípios e as práticas da criação, organização e distribuição da informação”. Ele acrescenta que estão incluídos ainda “o estudo dos fluxos da informação desde sua criação até a sua utilização, e a sua transmissão ao receptor em uma variedade de formas, através de uma variedade de canais”.

 O autor ressalta que não propõe um objetivo permanente, pois a área é conceitualmente dependente de tecnologia intensa, portanto está sempre sujeita a inovação e mutação. Como exemplo, Barreto(2002) cita que há anos atrás seria difícil ver estudo de bibliotecas virtuais e periódicos científicos na web, o que se tornou comum na atualidade. Neste contexto, enquadram-se também os weblogs.


Saracevic (1996) afirma que três características justificam a existência e a evolução da Ciência da Informação: ela é interdisciplinar, está intimamente ligada à tecnologia da informação, e - junto com outras disciplinas, é uma participante ativa na evolução da sociedade da informação. A preocupação com os problemas informacionais marcou o nascimento da Ciência da Informação, conforme explicaSaracevic (1996).

O autor lembra de um dos fatos marcantes como o artigo de Vannevar Bush, cientista do MIT (Massachusetts Institute of Technology), publicado em 1945. Bush defendia o uso da tecnologia da informação para tornar acessível o acervo crescente de conhecimento e propôs a máquina Memex, um sistema que previa consulta e resposta imediata a pedidos de informações, mediante dispositivos que se encontrariam na própria mesa do pesquisador. A proposta entusiasmou estudiosos, o que acabou por consolidar o sistema anos depois.

 
Para Barreto (2002), a relação da informação com seus usuários é uma das principais transformações provocadas pela sociedade eletrônica de informação. O autor explica que a delimitação de tempo e de espaço da informação favorece a interatividade e a interconectividade. Na interatividade, o receptor tem a possibilidades de apropriação e personalização da mensagem recebida e pode fazer trocas recíprocas de informações.

Na interconetividade o usuário pode ser o seu próprio mediador na escolha de informação, passando de um estoque de informação para outro, sendo o julgador da relevância do documento que procura. Tal agilidade e flexibilidade só foram possíveis com o avanço tecnológico. 
O fluxo de informação

Com a explosão da informação e a implosão do tempo, ou seja, com o aumento da quantidade de informação produzida e o encurtamento das distâncias por meio das tecnologias da comunicação, surgem os fluxos de informação elevados. Le Coadic (1996) define como a circulação de consideráveis quantidades de informação por unidade de tempo.


Ele argumenta que com o advento da escrita foi possível a multiplicação da informação por um baixo custo energético. Isso resultou na elaboração de cópias de manuscritos, na imprensa e fotocópia, fatos que permitiram a memorização dos conteúdos, que foram exteriorizados primeiro em bibliotecas. Le Coadic  (1996) afirma que o desenvolvimento da eletrônica, seguido da informática e das telecomunicações (comunicação de informações â distância), só fez reforçar estas tendências da nova sociedade da informação.


O advento das telecomunicações, conforme o autor, provoca a implosão do tempo, ou seja, não há mais distância ou fronteira que seja obstáculo. Os sistemas eletrônicos encurtam o tempo de execução das tarefas de busca e processamento da informação (coleta, tratamento e utilização para tomada de decisões). Com a Internet o fluxo da informação ganhou mais velocidade e com irradiação em escala planetária.

As técnicas eletrônicas de informação possuem em comum o fato de emitir, receber, veicular e memorizar ou processar sinais elétricos, ou seja, fluxos de elétrons. BarretoCastells e Lèvy abordam as diferenças dos fluxos e as mudanças provocadas na comunicação com as inserções das diferentes tecnologias.

Desde a cultura da oralidade até a comunicação por meio das redes digitais, onde estão inseridos os weblogs, foram muitas as mudanças nas ferramentas utilizadas para a comunicação Na informação oral, o tempo e o espaço se realizavam no momento da transmissão da mensagem. Na escrita, a tipografia acabou com a cultura tribal e multiplicou as características da cultura escrita no tempo e no espaço. O indivíduo passa a observar e interpretar a mensagem individualmente, de forma linear e contínua (Barreto, 1998).


Com a chegada da comunicação eletrônica e a digitalização, a delimitação do espaço e do tempo sofreu nova transformação. Foi criada nova relação entre a informação e os usuários, mudanças inseridas pelos aparatos tecnológicos que permitem “a interação individual com a memória da informação e a conectividade aos diferentes espaços e acessos a essa informação” (Barreto, 1998, p. 124).


Na mesma linha, Lèvy  (1999) classifica as tecnologias de comunicação conforme a interação permitida. A comunicação de massa – imprensa, edição, rádio e TV – é definida como um modelo de um para todos, onde não há reciprocidade, nem interação. O receptor só é ouvido caso se manifeste por outros meios, como um telefonema ou uma carta enviada para a emissora/empresa.

O correio e o telefone são definidos por Lèvy (1999 c) como uma comunicação de um para um, permitindo a reciprocidade e a interação. Já, o ciberespaço - espaço-tempo eletrônico criado pelas redes de comunicação e computadores multimídia (Rosnay, 1995 apud Cavalcanti, 1996) - combina tudo: reciprocidade, interação e partilha contexto, num modelo de todos para todos, como uma conferência eletrônica.

O autor esclarece que o suporte digital permite novos tipos de leituras e de escritas coletivas. Neste contexto, Castells (1999) classifica como uma comunicação de muitos para muitos, onde todos são emissores e receptores de mensagens num ambiente flexível e interativo.


Barreto (1998) explica a comunicação eletrônica modifica estruturalmente o fluxo de informação, pois permite a interação do receptor com a informação em tempo real, que passa a se posicionar como se estivesse no interior do fluxo, com interação direta, conversacional e sem intermediários. É o receptor que define a sua própria interação – a interconectividade. Com maior velocidade e melhor possibilidade de acesso, o receptor pode se posicionar em diferentes elos da cadeia.


A flexibilidade do meio digital favorece ao receptor elaborar a informação em diversas linguagens (texto, imagem e som): por meio das ligações hipertextuais, ele se desprende da estrutura linear da informação, que passa a ser associativa. Como define Barreto (1998), o modelo é basicamente formado por elementos que fazem parte do fluxo tradicional de informação, no entanto, neste, denominado, fluxo multiorientado, o receptor pode acessar a mensagem/informação de acordo com sua vontade.

Pode emitir, recuperar e receber informações no elo da cadeia que achar conveniente. Neste modelo o receptor também pode ser emissor e ao mesmo tempo recuperar e arquivar documentos. 

weblog 
weblog tem sido um dos fenômenos da CMC (Comunicação Mediada por Computadores), onde seres humanos se conectam por meio das máquinas. O termo foi criado por John Berger, em dezembro de 1997, como resultado da junção das palavras web (teia) e log (diário de bordo utilizado por navegadores e aviadores), o que significa “diário de bordo”.

Posteriormente as duas palavras foram unidas resultando em weblog ou somente blog, como ficou popularmente conhecido (BARBOSA; GRANADO, 2004). O próprio nome é considerado uma metáfora da prática de produção nestas ferramentas. Blood (2000) aponta que a idéia consiste em websites "pessoais" ou "temáticos" que são atualizados constantemente.


Inicialmente eram filtros de conteúdo na Internet praticamente baseados em “links” e dicas de websites pouco conhecidos, bem como comentários, o que, para Primo; Recuero (2003), destrói o mito de que weblogs tenham sido criados com a função exclusiva de servirem como diários eletrônicos. O formato ‘diário’ parece ter surgido ao mesmo tempo em que o weblog ganhava força.

Ele tem sido utilizado das mais diversas formas, todas relacionadas à publicação. Conforme o Technorati, site que monitora os weblogs no mundo, em março de 2007, havia 72 milhões de weblogs na Internet, sendo que diariamente são criados em média 120 mil. O número demonstra o crescimento da Blogosfera já que, segundo o site, em março de 2005, eram 8 milhões de páginas.


Eles agregam as principais características da Internet: são utilizados para comunicar, como o correio eletrônico; permitem discutir e analisar assuntos, como os fóruns de discussão; e possibilitam o contato entre pessoas distantes, como os chats. Somado a tudo isso, podem ser criados e mantidos por quem tem pouco ou nenhum conhecimento de programação para a web (Granado; Barbosa, 2004).


Silva (2003 a) define que o weblog está sistematizado em dois elementos considerados como fundamentais: possuem uma estrutura-padrão, são formados por conjuntos de blocos de conteúdo textual ou de imagem que são atualizados com freqüência; e são organizados em função do tempo, sendo que as últimas atualizações ficam disponíveis na parte superior da página, de acordo com a data de publicação, e as mais antigas logo abaixo.


Baseando-se nestas definições, o weblog pode ser descrito como um website extremamente flexibilizado, com mensagens organizadas em ordem cronológica reversa e com uma interface de edição simplificada, através da qual seu autor pode inserir novos “posts” sem a necessidade de escrever ou compreender qualquer tipo de código em HTML (HyperText Markup Language - Linguagem de Formatação de Hipertexto).

Os weblogs são baseados em mecanismos que automatizam a criação, edição e manutenção de uma página na web. Tecnicamente, é um formato específico de site, cujas ferramentas de criação e atualização se assemelham basicamente pela rapidez e descentralização de atualização e pela forma como os “links”, imagens e textos baseados no princípio de micro-conteúdo são posicionados cronologicamente.


Um weblog é construído através de programas e/ou ferramentas disponíveis na rede, localizadas em sites específicos que proporcionam atualização instantânea da página. Um dos elementos que diferencia o weblog de outros sites diz respeito à facilidade com que este tipo de página pode ser construído, além da descentralização de sua manutenção, já que seus usuários têm a possibilidade de publicar a partir de qualquer lugar em que haja um computador conectado à rede mundial de computadores.


Classificação de weblogs
Os espaços podem ser classificados de acordo com o perfil de seu conteúdo. Primo; Recuero (2003) classificaram os weblogs em duas grandes categorias, além de uma terceira que foi considerada por mesclar elementos das duas anteriores. Em seus estudos, os autores dividiram os weblogs em Diários Eletrônicos, Publicações Eletrônicas e Publicações Mistas.

• Diários Eletrônicos - atualizados com pensamentos, fatos ocorrências da vida pessoal de cada indivíduo, como diários. 
• Publicações Eletrônicas – destinam-se principalmente à informação. Trazem notícias, dicas e comentários sobre determinado assunto. 
• Publicações Mistas – misturam “posts” pessoais sobre a vida do autor e “posts” informativos, com notícias, dicas e comentários.

Na conceituação de Granado; Barbosa (2004), os weblogs são categorizados em Diários, Analíticos e Informativos.

• Diários – são descrições diárias de acontecimentos e eventos que preenchem a existência do autor.
• Analíticos – são compostos por pequenos ensaios sobre diferentes temas ligados à atualidade. Assuntos em que o autor pode ser especializado.
• Informativos – Originados por material retirado de outras páginas.

Tomando como base as duas conceituações, o que se pode perceber é que existe unanimidade entre os autores no que se refere à característica dos weblogs voltados para as informações. Fato que interessa diretamente à Ciência da Informação diante do fenômeno que tem se tornado a ferramenta.


A classificação dos weblogs pode ser feita também por meio da característica do formato de seu conteúdo. Além de blocos de textos, os weblogs podem ter conteúdo baseado em vídeo ou fotografia, denominados videoblogs ou fotologs. Já a sua elaboração pode ser desenvolvida de maneiras diferentes: com autoria coletiva ou individual.


Publicação sem intermediários 
Os weblogs contam com duas ferramentas. A primeira é a ferramenta de comentários, que permite que o leitor deixe suas observações em relação ao conteúdo publicado pelo autor. A segunda ferramenta é a trackback, que permite que outros “posts” em outros weblogs sejam ligados junto ao dele.

 Recuero (2003) considera que as duas ferramentas é que dão característica diferencial ao weblog dentro da web, promovendo um espaço de comunicação entre os interagentes, incentivando a troca de informações e complementação de conteúdos. Desta forma são criadas redes de comentaristas que escrevem e lêem mutuamente por meio deste sistema. Ao invés de permitir trilhas, como ocorre nos sites tradicionais, o weblog oferece a possibilidade de criar novos elos entre um weblog e outro, numa ação conjunta que modifica a estrutura da web. (Primo; Recuero, 2003).


Uma cultura desenvolvida entre os “blogueiros” num trabalho em círculos é definida por Recuero (2002) como webrings, que seriam o virtual settlement (estabelecimento virtual) das comunidades, que ali estabelecem suas relações, principalmente através dos sistemas de comentários.

 A autora explica que os weblogs são linkados uns nos outros e formam um anel de interação diária, através da leitura e do comentário dos “posts” entre os vários indivíduos, que chegam a comentar os comentários uns dos outros ou mesmo deixar recados para terceiros nos weblogs. Esse círculo de weblogs difere, basicamente, de um grupo de “links”, pois num webring existe um grupo de pessoas.


Com a Internet ocorre a liberação do pólo de emissão, que por séculos tem sido controlado pelos meios de comunicação de massa. A liberação permite que vozes, por muito tempo oprimidas, tenham espaço para se manifestar. O ato de criar e manter um weblog são classificados por Lemos (apud Silva, 2003 b) como uma apropriação da ferramenta. O autor divide a apropriação em duas dimensões. A técnica, que envolve o treinamento na utilização do objeto, e a simbólica, que é uma apropriação subjetiva.


Lèvy (1999) argumenta que até o advento do ciberespaço havia intermediários institucionais para a filtragem e difusão entre autores e consumidores de informações, como empresas de mídia, editoras ou órgãos governamentais. Na avaliação do autor, quando há concentração ou monopólio, há risco de que se estabeleça uma verdade oficial.

Com a nova situação, os produtores de informações na Internet contam com a desintermediação. Na rede existe a disseminação de todo tipo de mensagem e os weblogs são exemplos que têm atraído grande número de produtores de conteúdos na rede.


Weblog e suas aplicações, weblog aplicado aos negócios

Como já foi dito anteriormente, o universo dos weblogs extravasou a esfera pessoal. Neste caso, tem conquistado o mundo empresarial. Os “businessblogs” ou “bizblogs” são também denominadosweblogs executivo, institucional, empresarial ou corporativo.

A adesão começou pelas gigantes do mundo da informática, como a Microsoft, Sun Microsystems, Macromedia e Oracle. A IBM (International Business Machines), por exemplo, é uma das pioneiras no uso de weblogs dentro e fora da corporação. Em 2004, eram 2.800 weblogs internos, de um total de aproximadamente 330 mil empregados espalhados pelo mundo. Os espaços são usados para informar grupos de pessoas com atividades e/ou interesses comuns sobre “links”, artigos e sites.


Também conhecidos como k-logs, os weblogs podem ser usados em KM (Knowledge Management), ou gestão de conhecimentos. São utilizados como suporte para gerenciar conhecimentos dentro das empresas, fazendo com que os trabalhadores registrem suas descobertas e suas experiências, compartilhando-os e deixando-os como herança na sua saída da empresa.


Granado; Barbosa (2004) consideram que os weblogs podem ser utilizados para ações de comunicação externa e interna, bem como, complementos às páginas institucionais das empresas na Internet. No entanto, Barbosa e Granado alertam que seu foco deverá se basear de acordo com o público que pretende atingir. A aplicação pode ser voltada para a captura de conhecimento, inovação, comunicação com os clientes ou gestão de projetos. 
weblog aplicado à educação

Gutierrez (2004) defende o uso de weblogs como ambientes de aprendizagem por entender que seu formato dinâmico, aberto e público seria um fator diferencial para a promoção da colaboração e construção cooperativa do conhecimento, o que torna a ferramenta aplicável em projetos educacionais.

Silva (2003 a) acrescenta que o sistema é relativamente fácil de usar permite que estudantes possam aproveitar as possibilidades da Internet para que, junto com os professores, possam elaborar uma nova escrita e passar por uma nova dinâmica educacional. Os weblogs têm sido utilizados para diversos propósitos na área educacional, entre eles, nas práticas de colaboração, que podem fortalecer a dinâmica da sala de aula, e resultar num senso comunitário e colaborativo. Para este fim os weblogs educativos são conhecidos também como edublogs (Silva , 2003 a).

 
Segundo Gutierrez (2004), no Brasil, existem poucas iniciativas neste sentido. No entanto, nos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Espanha existem diversos projetos que adotam a ferramenta como ambiente de aprendizagem. Um exemplo citado pela autora é o weblogs at Harvard Law . Um weblog colaborativo da Harvard Law School da Universidade de Harvard (EUA), que contratou um profissional especificamente para promover o uso do weblog no ensino e na investigação. Outra iniciativa da área acadêmica é o PhDweblogs.net , que funciona como centralizador de weblogs relacionados a alunos que desenvolvem pesquisas em nível de doutorado.


A autora sugere que os weblogs contribuem para a consolidação de novos papéis para alunos e professores no processo educativo, com uma atuação menos diretiva, já que professores e alunos, como parceiros de aprendizagem, podem retroagir sobre seu trabalho, revendo etapas e processos, tomando consciência de sua prática, abrindo inclusive espaço para a pesquisa. Com a possibilidade de registro de todas as fases de um projeto – criação, detalhamento e desenvolvimento até a finalização – o ensino-pesquisa pode ser ampliado agrupando projetos inter e transdisciplinares, podendo envolver a escola como um todo, famílias e comunidades (Gutierrez, 2004).
Weblog aplicado ao jornalismo

A flexibilidade oferecida pelas ferramentas de editoração dos weblogs tem atraído também jornalistas. Os profissionais, que por muito tempo foram conhecidos apenas pelo trabalho nos veículos tradicionais de comunicação, conquistam espaço no mundo digital por meio dos weblogs. Neste ambiente eles não estão ligados a editoras, jornais ou emissoras de televisão, mas mantêm o seu público apenas com seu conteúdo, que vai de informações jornalísticas a comentários e opinião.


Primo; Recuero (2003) explicam que a mensagem veiculada em um weblog não tem a pretensão de ser uma informação ‘neutra’. Isso porque a informação está imbuída na persona de seu autor. Os autores esclarecem esclarecem que nos weblogs a personalização está presente também na assinatura do autor, no formato gráfico – cores, formato do site, fontes – nos “links”, na foto do autor, ou mesmo nos ‘clicks’.

Essa personalização tem a particularidade de gerar empatia por parte do leitor, causando uma identificação entre o leitor e o “blogueiro”. Como conseqüência, Hiler (2003 apud Silva; 2003 b) prevê que, neste contexto, os leitores começam a atribuir mais confiança no jornalista, ao invés da própria publicação.


Quinn (2002 apud Silva; 2003 b) aponta que a apropriação do weblog pelos jornalistas apresenta vantagens uma vez que a informação deixa de ser pensada como exclusiva de uma única plataforma. A união do weblog com o jornalismo converge para uma nova simbiose. O jornalista passa a ver o weblog como uma fonte de informação; já o “blogueiro” contribui com a sinergia ao emitir opinião sobre notícias publicadas pela mídia tradicional (Hiler, 2003 apud Silva, 2003 b).

Tomando exemplo da biologia, o autor acrescenta que “blogueiros” e jornalistas são ambos os organismos parasitários e trabalham juntos em uma relação simbiótica para relatar, filtrar e buscar notícias“de primeira mão”.


A possibilidade de veicular notícias exclusivas também é um aspecto que associa diretamente a prática do jornalismo à de manutenção de weblog. Um fato que marcou a historia do weblog foi o episódio que envolveu o ex-presidente dos Estados Unidos e sua estagiária Mônica Lewinski – romance que foi revelado primeiramente por meio de um weblog.


Hourihan (2001 apud Silva, 2003 b) aborda a questão ao criar um novo perfil para o jornalista que utiliza o weblog: o jornalista P2P (Peer-to-Peer). O profissional com este perfil escreveria motivado pela paixão e por interesses pessoais. A atividade jornalística incluiria compartilhar, colaborar, distribuir e conectar informações.

Weblog aplicado às bibliotecas
Na Ciência da Informação, muitas bibliotecas, arquivos e centros de documentação têm se utilizado de weblogs como canal adicional de comunicação. O assunto tem sido tão relevante que em março de 2007, foi realizado o painel “Weblogues no domínio da Ciência da Informação”, em Portugal, durante o IX Congresso da BAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas).


Documento publicado pela própria organização do evento aponta as virtudes dos weblogs temáticos e profissionais na área das bibliotecas e ciências de informação. Entre as listadas, o registro cita o suporte serve para estabelecer comunidades e identificar competências, além disso, pode ser utilizado para divulgação de informação atualizada de eventos, anúncio de novas aquisições e promoção dos serviços.

Entre outras funções do weblog estão a de apoiar e formar o utilizador reforçando o serviço de referência, como meio de contacto com a comunidade, valorizar coleções e receber feedback dos usuários. Aproveitando-se das facilidades da ferramenta, as bibliotecas podem partilhar pensamentos e gerar novas formas de trabalho conjunto.


Esta característica da ferramenta, que possibilita novo espaço de informação fora dos locais habituais foi um dos assuntos do IX Congresso da BAD, que contou ainda com a participação de pesquisadores que mantêm weblogs voltados para a Ciência da Informação, como Luísa Alvim, que mantém o Viva Biblioteca Viva  e   Pedro Príncipe, do "Rato de Biblioteca".

Considerações finais
Como demonstrado anteriormente, nesta possibilidade de trocas e compartilhamento de informações, o weblog já tem sido utilizado pelas corporações para incentivar o compartilhamento e troca de informações entre funcionários, registrar conhecimentos tácitos e até como forma de aproximação dos seus clientes.

No ensino, a ferramenta representa um meio alternativo e barato para que professores e alunos promovam interação e o entendimento de conteúdos.

No jornalismo, o weblog também tem ganhado espaço; tanto para a publicação de informações jornalísticas quanto para o debate entre os profissionais e os leitores.

]
Desta forma, podemos concluir que o weblog enquadra-se nas áreas de estudo da Ciência da Informação, sendo que a ferramenta tem sido usada por diversos setores da sociedade para a criação, distribuição, comunicação, armazenamento e recuperação da informação. Representando diretamente, o que Barreto (2002) define como preocupação central da Ciência da Informação, que envolve desde a criação da informação até o estudo dos fluxos e sua utilização.

Bibliografia 

BARRETO, Aldo de A. Mudança estrutural no fluxo do conhecimento: a comunicação eletrônica. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 2, p. 122-127, maio/ago. 1998. 

BARRETO, Aldo de A. O tempo e o espaço da Ciência da Informação. Transinformação, Campinas, v. 14, n. 1, p. 17-24, jan./jun. 2002.

BLOOD, Rebecca. Weblogs: A History and Perspective. 7 de setembro, de 2000. Disponível em: <http://www.rebeccablood.net/essays/weblog_history.html> Acesso em: 1 jun. 2005.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. V. 1. Tradução: Roneide Vanâncio Majer; São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade; Tradução: Maria Luiza Borges; revisão Paulo Vaz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2003. 

CAVALCANTI, Cordelia Robalinho. Da Alexandria do Egito a Alexandria do espaço: um exercício de revisão de literatura. Brasília: Thesaurus, 1996. 229 p.

CONGRESSO DA BAD (Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas), 2007, Portugal. Painel – Weblogues no domínio da Ciência da Informação. Disponível em: <http://wsl.cemed.ua.pt/blogs/intangivel/wp-content/uploads/2008/03/pedro_principe-painelweblogues.pdf > . Acesso em: 15 jul. 2008.

GRANADO, Antônio; BARBOSA, Elizabete. Weblogs – Diário de Bordo. Porto – Portugal: Porto Editora Ltda, 2004.

GUTIERREZ, Suzana S. Mapeando caminhos de autoria e autonomia: a inserção das tecnologias educacionais informatizadas no trabalho de educadores que cooperam em comunidades de pesquisadores. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Porto Alegre. 2004

LE COADIC, Yves-François. A ciência da informação. Tradução de Maria Yeda F. S. de Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996. 119 p.

LÈVY, Pierre. A Revolução Contemporânea em Matéria de Comunicação. In MARTINS, Francisco M. e SILVA, Juremir M. da. Para Navegar no Século XXI. Tecnologias do Imaginário e da Cibercultura. EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999.

MEADOWS, J. Comunicação. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 25, n. 2, jul/dez. 2001.

PRIMO, Alex; RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto Cooperativo: Uma Análise da Escrita Coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia. In: VII Seminário Internacional da Comunicação, 2003, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, 2003.

RECUERO, Raquel. Weblogs Webrings e Comunidades Virtuais. In: VII Seminário Internacional de Comunicação, 2002. Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, 2002

SARACEVIC, Tefko. Ciência da Informação: origem, evolução e relações. Tradução: Ana Maria P. Cardoso. In: Perspectivas em Ciência da Informação. Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996. 

SILVA, J.A. Barbosa. Mãos na mídia: Weblogs, apropriação social e liberação do pólo da emissão. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas, da UFBa (Universidade federal da Bahia), Faculdade de Comunicação, Salvador, 2003. (a)

SILVA, J.A. Barbosa. Weblogs: Múltiplas utilizações e um conceito. In: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – BH/MG – 2 a 6 Set 2003. Trabalho apresentado no Núcleo de Tecnologias da Informação e da Comunicação, 2003 (b).


Sobre a autora / About the Author:

Inara Souza da Silva

Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Mestre em Ciência da Informação e professora da Universidade Católica Dom Bosco, (UCDB), MS.

 

 Fonte: http://www.dgz.org.br/out08/Art_03.htm