Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 1 -
Inteligência coletiva e compartilhamento da
informação: estado da arte da produção sobre
inteligência coletiva
Angela H. Claro Bembem 1 (UNESP)
Plácida. L V. A. Costa Santos 2 (UNESP)
Resumo:
No escopo da Ciência da Informação há uma escassa disseminação
conceitual sobre a utilização da inteligência coletiva para criação de
ambientes colaborativos eficientes na plataforma Web. Para tanto, tem se
desenvolvido um estudo descritivo e exploratório a partir da obra de Pierre
Lévy, com a finalidade de identificar os preceitos sobre inteligência
coletiva e relacioná-los às práticas de colaboração nos ambientes da Web
2.0. A pesquisa, que recebe apoio financeiro da FAPESP, é de cunho
documental, e se foca em determinar o estado da arte da produção sobre
inteligência coletiva, verificando o que tem sido produzido por Pierre Lévy
e por outros autores sobre o tema.
Palavras-chave: informação e tecnologia, inteligência coletiva, Ciência da
Informação.
Abstract:
Within the scope of Information Science there's a scarcity of conceptual
dissemination about the use of collective intelligence to create efficient
collaborative environments in Web platform. To do so, it has been
developed a descriptive and exploratory study from Pierre Lévy's work,
purposing to identify the precepts concerning to collective intelligence and
relate them to the collaboration practices in Web 2.0 environments. The
research, which receives financial support from FAPESP, is documentary,
and focuses on determining the art production state about collective
intelligence, examining what has been produced by Pierre Lévy and other
authors on such subject.
Key-works: information and technology, collective intelligence,
Information Science.
Introdução
A Ciência da Informação é uma ciência social aplicada que como objeto tem
“[...] o estudo das propriedades gerais da informação (natureza, gênese e efeitos),
e a análise de seus processos de construção, comunicação e uso”, como afirma Le
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Coadic (2004, p.25). Ela se apóia em uma rigorosa tecnologia, a qual tem por
objeto o desenvolvimento de produtos, serviços e sistemas capazes de proporcionar
a construção da informação, bem como sua comunicação, armazenamento e uso
(LE COADIC, 2004).
Dentro de tal ciência ocorreram algumas mudanças paradigmáticas.
Ocorreram mudanças no ciclo da informação, as quais interferiram de forma direta
no tempo da produção da informação, no tempo da comunicação e no tempo do
uso da informação. Essas mudanças geraram os novos paradigmas da Ciência da
Informação, sendo eles o do trabalho coletivo, o do fluxo e do usuário.
As técnicas e práticas informacionais eram baseadas no trabalho individual, o
gerenciamento informacional ocorria em acervos tradicionais, e orientava-se ao
gestor e não ao usuário. Com o novo paradigma, o trabalho torna-se coletivo, as
informações estão em fluxos de suportes imateriais e orientam-se aos usuários e
não mais aos gestores.
Com tais mudanças os fluxos de informação tornam-se ininterruptos (LE
COADIC, 2004), e essa é uma importante característica dos fluxos presentes na
rede, os quais são contínuos, dinâmicos, e ocorrem em tempo real.
O trabalho coletivo trouxe com ele a possibilidade do desenvolvimento de
redes, de compartilhamento da informação e de novas formas de uso dessas
informações, mediante ao auxílio das novas tecnologias da informação. Tal
processo também permitiu que o conhecimento fosse construído de forma mais
flexível, segundo as necessidades dos usuários que fazem uso dos ambientes digitais
informacionais. A aprendizagem passou a ocorrer nos chamados ambientes digitais
colaborativos, como mostram Vidotti, Cusin e Corradi (2008).
Essas novas formas de construção cooperativa do conhecimento,
coordenadas pelas tecnologias informacionais, carecem de uma real atenção dos
estudos na área de Ciência da Informação, tento em vista que ela se atenta com
“[...] o estudo dos fluxos da informação desde sua criação até a sua utilização, e a
sua transmissão ao receptor em uma variedade de formas, através de uma
variedade de canais” (BARRETO , 2001, não paginado).
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As práticas de compartilhamento de informação e de construção
colaborativa do conhecimento se pautam na inteligência coletiva, a qual, segundo
Lévy (2003, p.28) é “[...] uma inteligência distribuída por toda parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma
mobilização efetiva das competências”. Assim, a inteligência coletiva visa a
reconhecer as habilidades que se distribuem nos individuos, a fim de coordená-las
para serem usadas em prol da coletividade. A coordenação dos inteligentes
coletivos ocorre com a utilização das ferramentas das tecnologias da informação.
Acerca disso, Santos (2008) afirma que os processos de aprendizagem e o
serviços de colaboração e cooperação implicam no envolvimento e no
comprometimento de se fortalecer uma inteligência coletiva.
Com tudo, as designação acerca da inteligência coletiva, suas características
e proposições ainda não são muito claras no âmbito da Ciência da Informação,
como também não se tem explorado como o conhecimento teórico acerca dessa
pode otimizar as práticas de compartilhamento de informação nos ambientes
digitais.
Por essa razão esse estudo faz-se necessário; para que com o levantamento
teórico conceitual sobre o tema se possa observar como as práticas de inteligência
coletiva podem influenciar o compartilhamento da informação, e proporcinar um
encaminhamento a real democracia da informação nos ambientes colaborativos.
Para tanto, optou-se como procedimento metodológico pela análise
exploratória e descritiva sobre o tema inteligência coletiva baseada nas
proposições de Pierre Lévy. O estudo é de caráter bibliográfico e documental, o
qual se pauta em realizar o estado da arte da inteligência coletiva. O material
publicado por Pierre Lévy em primeiro plano, e também o que outros autores
relevantes produziram sobre o tema serão considerados como universo estudado. O
intervalo de tempo para o recolhimento das informações sobre a produção acerca
da inteligência coletiva é de 1994, data da publicação de “A inteligência coletiva:
por uma antropologia do ciberespaço” - principal obra de Lévy sobre o tema, até o
ano de 2010.
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A inteligência coletiva proposta por Pierre Lévy
Para Lévy (2003) a inteligência coletiva, é a inteligência que se distribui entre
todos os indivíduos, que não está restrita em poucos privilegiados. O saber está na
humanidade, pois todos são fontes de conhecimento - fato que independe da
colocação social, cultura, e opções religiosas. Todos os indivíduos podem oferecer
conhecimento, não há ninguém que seja nulo nesse contexto. Não há ninguém que
saiba tanto que não possa aprender com o outro, nem quem não tenha nada para
compartilhar o que sabe.
Para isso é que Lévy (2003) pontua que a inteligência coletiva deve ser
incessantemente valorizada. Deve-se procurar encontrar o contexto em que o saber
do individuo pode ser considerado valioso e importante para o desenvolvimento de
um determinado grupo.
Os intelectuais coletivos só poderão se reunir em um mesmo ambiente a
partir da mediação das ferramentas das tecnologias informacionais. Com tais
tecnologias os indivíduos poderão estar em sinergia. A coordenação dos saberes
pode ocorrer no ciberepaço. Segundo Lévy (2000, p.17),
o ciberespaço (que também chamarei de ‘rede’) é o meio de comunicação
que surge na interconexão mundial dos computadores. O termo especifica
não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também
o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres
humanos que navegam e alimentam esse universo.
Assim, nota-se que o ciberespaço não é apenas composto por tecnologias e
instrumentos de infra-estrutura, mas também é habitado pelos saberes e pelos
indivíduos que os possuem.
O ciberespaço permite que os indivíduos mantenham-se interligados
independentemente do local geográfico em que se situam. Ele desterritorializa os
saberes, e funciona como suporte ao desenvolvimento da inteligência coletiva.
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Quanto à mobilização efetiva das competências, Lévy (2003) mostra que um
fator importante para que ela ocorra é conseguir identificar as competências dos
sujeitos, e compreende-las em suas multiplicidades.
O projeto da inteligência coletiva cunhado por Lévy não é apenas uma
proposta ligada à cognição, mas é um projeto global que pressupõem ações
práticas que se destinem à mobilização das competências dos indivíduos, e que
busquem de fato a base e o objetivo da inteligência coletiva, que é o
reconhecimento e o enriquecimento mútuo daqueles que se envolvem nessa
proposta (LÉVY, 2003).
A inteligência coletiva visa a tornar o saber a base principal, a infra-estrutura,
das relações humanas. Ela só poderá de fato ocorrer em um determinado espaço, o
qual Lévy (2003) nomeia como Espaço do saber. Esse é o último espaço
antropológico dos quatro explorados por Lévy (2003).
Espaço antropológico pode ser compreendido como
[...] um sistema de proximidade (espaço) próprio do mundo humano
(antropológico), e portanto dependente de técnicas, de significações, da
linguagem, da cultura, das convenções, das representações e das emoções
humanas (LÉVY, 2003, p.22).
Lévy (2003) aponta para a existência dos espaços Terra, Território, Espaço das
mercadorias e Espaço do saber. Cada um deles é formado por espaços diferentes;
são planos de existência, e não um conjunto que reúne seres, signos ou objetos.
Eles não podem ser associados a pontos de vista, ou serem compreendidos como
recortes de uma determinada realidade. Tais espaços emergem das relações
humanas (LÉVY, 2003).
Segundo Lévy (2003) um mesmo fenômeno pode ocorrer em diversos espaços
diferentes, todavia poderá adquirir significados diferentes em cada um dos espaços
antropológicos.
Acerca do primeiro espaço antropológico, a Terra, Lévy (2003) mostra que é o
primeiro espaço que o homem ocupou. A identidade humana nesse espaço se dá
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pelo vínculo com o cosmo, e pela relação de união do homem com outros
indivíduos. Tal identidade é marcada pelo nome, ou por outros meios de vinculação
ou filiação. Como esse espaço existe desde sempre, a noção de tempo é imemorial.
Na Terra, o saber está nos indivíduos. Entretanto, como não existem formas de
inscrever esse saber, ele é transmitido à posteridade por meio da oralidade.
No Território o homem domina a Terra. Desenvolvem-se atividades como a
agricultura, as cidades são formadas, e o conhecimento passa a ser baseado na
escrita. A identidade é formada com base no vínculo que se pode estabelecer com
uma entidade desse território; e a riqueza baseia-se na dominação das fronteiras
estabelecidas pelo Território.
O Espaço das mercadorias caracteriza-se pelo estabelecimento da indústria,
pela dominação dos fluxos tanto materiais como imateriais. A identidade se
constrói pela ocupação de um posto que permita retorno financeiro. Como nesse
espaço ocorrem os fluxos, os quais movimentam-se simultaneamente, respondendo
quase que imediatamente quando são requeridos, pode-se compreender que o
tempo no Espaço das mercadorias seja real e exato. Tais fluxos transpõem as
barreiras estabelecidas no Território, fazendo com que o saber alcance outras
dimensões.
O último espaço, o do saber, não se realiza em nenhum lugar, e tão pouco
adquiriu autonomia. Entretanto, tem a possibilidade de nascer. É por isso que
pode-se dizer que ele é virtual, entendo tal concepção como a oposição ao atual, e
não como oposição ao real (LÉVY, 1996, p.15).
É no Espaço do saber que a inteligência coletiva se desenvolve. Lévy (2003)
afirma que nesse espaço os intelectuais coletivos são coordenados de maneira
dinâmica. Para Assumpção e Campos (2009, p.7), no Espaço do saber
[...] o conhecimento não mais seria um elemento inatingível e sofisticado,
mas uma expressão da própria vida cotidiana a ser potencializada através
do encontro e da troca entre os indivíduos que carregam consigo uma
percepção única da realidade e das múltiplas experiências acumuladas.
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Lévy (2003) compreende que o Espaço do saber retoma a Terra, pois volta ao
nomadismo. Entretanto, essa volta não é direcionada à busca pela subsistência
física, mas pelo anseio de se localizar qualidades nos indivíduos.
A Web 2.0 e os ambientes colaborativos
A reunião dos saberes em um lugar comum, e a interligação dos indivíduos
em rede têm se tornado possíveis pelos mecanismos da Internet. Nela,
especificamente na segunda geração da plataforma Web, tem se desenvolvido os
ambientes colaborativos, como redes sociais, blogs, wiki, social bookmarks, os
quais reúnem indivíduos que possuem interesses comuns, e que tenham a
finalidade de fazer uso das múltiplas competências e saberes partilhados para a
elaboração de conteúdos informacionais.
Para Oliveira e Vidotti (2008, p.12), a Web 2.0 é essencialmente
[...] um espaço de trabalho colaborativo, onde um grupo de usuários, ao
abrigo de uma simples organização, constrói documentos web de múltipla
autoria, usando ferramentas de marcas e formatos simples.
Vê-se então que a Web 2.0 baseia-se de maneira muito clara nas práticas de
colaboração, e como afirma O’Reily (2005) sustenta-se no aproveitamento que a
rede dispõem de tirar vantagem da inteligência coletiva.
Nesse modelo de colaboração, a Web funciona como plataforma, o que
significa que atividades que eram realizadas por programas de computador passam
a ser realizadas online (PRIMO, 2007). Acerca disso, Campos (2007) mostra que a
Web torna-se uma espécie de navegador, já que as informações passam a ser
acessíveis, independendo de localização ou do modelo de servidor que as
hospedam.
Além disso, a Web 2.0 desenvolve o que O’Reily (2005) nomeia como
“arquitetura de participação”, que é uma espécie de ética de cooperação que
conecta as extremidades e tira proveito do que os usuários podem oferecer por
meio da intermediação de sistemas de comunicação. Tais dispositivos se
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aperfeiçoam na medida em que mais pessoas fazem uso deles, o que afirma que de
fato a Web 2.0 é dirigida pelo aproveitamento da inteligência coletiva.
A Web 2.0 também é nomeada como Web social ou Web colaborativa. Isso se
dá devido ao fato de o seu objetivo não se pautar apenas na interligação dos
conteúdos dispostos na rede, mas mais do que isso, ela objetiva interligar sujeitos.
Os serviços outrora rígidos e estáticos tornam-se flexíveis e abertos, permitindo aos
usuários tratar, armazenar e recuperar objetos informacionais segundo os seus
próprios critérios e interesses.
O estado da arte da produção sobre inteligência coletiva
Publicações relevantes sobre o tema, tanto de autoria de Pierre Lévy, como
de outros autores, dentre elas, monografias, artigos, conferências e entrevista, que
datam de 1994 até a atualidade foram consideradas para identificar a inteligência
coletiva e o seu contexto.
Para a explicitação dos resultados da investigação, na Tabela 1 é apresentada
a descrição de como monografias, artigos e conferências tratam do tema
inteligência coletiva, e na Tabela 2 as entrevistas dadas por Pierre Lévy, nas quais
se abordam o tema inteligência coletiva.
Tabela 1: estado da arte da produção sobre inteligência coletiva – monografias, artigos e
conferências.
Obra Autor Ano Publicação Enfoque dado ao tema "inteligência coletiva"
A inteligência coletiva: por uma antropologia do
ciberespaço
LÉVY, Pierre 1994 Loyola
São apresentadas as principais diretrizes sobre o tema, tratando da inteligência
coletiva nas ambiências: ética, economia, tecnológicaa, política e estética.
Aborda também as características dos espaços antropológicos, e das manifestações
da inteligência coletiva especificamente no Espaço do saber.
A Emergência do Cyberspace e as mutações
culturais
LÉVY,Pierre 1994
Festival Usina
de Arte e
Cultura, Porto
Alegre.
A inteligência coletiva encaminha a uma elevação da sensibilidade e da percepção
devido as formas de cooperação e coordenação dos saberes em tempo real. Com
as redes, pode-se pensar em equipamentos tecnológicos que venham permitir que
cada indivíduo tire proveito dessa inteligência. Traça alguns apontamentos
relativos à influência da inteligência coletiva no campo político, como as
possibilidades da existência de uma democracia em tempo real permitida pelo
que o autor chama de “novos instrumentos técnicos” – as novas tecnologias da
informação.
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As árvores do conhecimento
LÉVY, Pierre;
AUTHIER, Michel
1995 Escuta
Observa a inteligência coletiva como base principal para a construção das árvores
do conhecimento.
Pour l’intelligence collective
Disponível em: <http://www.mondediplomatique.
fr/1995/10/LEVY/1857>
LÉVY, Pierre 1995
Le Monde
Diplomatic
É apresentado o contexto do projeto da inteligência coletiva, que é um
inteligência variada, distribuída, valorizada e que está em sinergia.A inteligência
coletiva é associada ao desenvolvimento da economia, e entendida como uma
possibilidade de renovação da democracia.A interligação dos computadores pode
ser considerada como um instrumento da inteligência coletiva.É destacada a
importância de se desenvolver um projeto civilizatório baseado na inteligência
coletiva.
O que é virtual? LÉVY, Pierre 1996 Editora 34
Trata das redes de computadores como a concretização do projeto de novas
maneiras da inteligência coletiva.Define inteligência coletiva de maneira
sintética, e aponta o seu ideal, que é o reconhecimento de que a diversidade
humana deve ser considerada e vivida como cultura.Trata da problemática da
inteligência coletiva, a qual está relacionada à escolha de suas diversas formas de
existência.
A Revolução contemporânea em matéria de
comunicação
Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/arti
cle/viewFile/3009/2287 >
LÉVY, Pierre 1998 FAMECOS
A interconexão, que é base para os processos de inteligência coletiva, vai de
encontro aos sistemas burocráticos.Quanto à interconectividade permitida pelos
computadores, afirma-se que ela pode mensurar de forma precisa um potencial de
inteligência coletiva.
O universal sem totalidade, essência da
cybercultura
Disponível em: <http://caosmose.net/pierrelevy/ouniversalsem.html>
LÉVY, Pierre [1998?] Caosmose
A interconexão mundial que emerge do ciberespaço permite uma nova
universalização das mensagens baseada na multiplicidades de sentido que essas
podem obter.Esse universal sem totalidades permite o acesso à inteligência
coletiva, pois nele estão incluidas as formas de comunicação interativa.
A Internet: a geração de um novo espaço
antropológico
Disponível em: <http://www.bocc.uff.br/pag/silva-lidia-oliveira-Internetespaco-
antropologico.pdf>
SILVA, L.O.L. 200-
Universidade
de Aveiro
Apresenta as redes de serviços telemáticos como geradoras de novos espaços de
atuação e significação dos homens, que permitem a criação de novas identidades
e novas práticas culturais.A cerca da territorialidade, aponta que a Internet veio a
alterar esse conceito.Apresentam-se reflexões sobre a identidade dos indivíduos
que atuam nos espaços antropológicos, e sobre a identidade desses espaços. Focase
com maior precisão na formação do Espaço do saber, o qual tem a
possibilidade de gerar uma inteligência coletiva.
A Conexão Planetária: o mercado, o ciberespaço, a
consciência.
LÉVY, Pierre 2001 Editora 34
Trata das tecnologias intelectuais como favorecedoras do desenvolvimento e
manutenção da inteligência coletiva, e da capacidade da inteligência coletiva
gerar capital financeiro e de conhecimento.Há uma aproximação entre as práticas
de inteligência coletiva e a economia.
As inteligências coletivas.
Disponível
em:<http://www.sescsp.org.br/sesc/conferencias/subindex.cfm?Refere
ncia=168&ParamEnd=5>
LÉVY,Pierre 2002 SESC-SP
Observa-se o crescimento das pesquisas relacionando inteligência coletiva e
Internet, bem como o número de pessoas interessadas no tema. O autor vê a
Internet como uma das primeiras praticantes da inteligência coletiva.Essa é
definida, num sentido mais simplificado, como a partilha das funções que
compõem a cognição humana. O aperfeiçoamento dos órgãos de comunicação
implica na evolução da inteligência coletiva. O autor prevê que em algum tempo
a humanidade venha aprender a cultivar e criar idéias, almejando com isso que
muitas outras pessoas se envolvam e se engajem no projeto da inteligência
coletiva.Menciona-se o desenvolvimento de uma ciência da inteligência coletiva.
O objetivo da Internet 2.0 é gerar inteligência
coletiva
Disponível em:<http://webinsider.uol.com.br/2006/04/18/o-objetivo-dainternet-
20-e-gerar-inteligencia-coletiva/>
NEPOMUCENO,
Carlos
2006 Webinsider
Trata das novas formas de comunicação e interação permitidas pela chamada Web
2.0. Atenta-se para a necessidade de preparar profissionais para o novo modelo
comunicacional, que sejam aptos a administrar conflitos, proporcionar encontros e
organizar a memória dos coletivos inteligentes a fim de que essa memória seja
recuperada de maneira eficiente.A inteligência coletiva é definida como as
decisões que são tomadas, a experiência que se adquire e a memória de
determinado grupo que se preserva. Essa inteligência coletiva é o objetivo
fundamental da Web 2.0.
Abrir o espaço semântico em prol
da inteligência coletiva
Disponível em:
<http://www.reciis.cict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/43/37
>
LÉVY, Pierre 2007
RECIIS - Revista
Eletrônica de
Comunicação
Informação &
Inovação em
Saúde.
Apresenta as necessidade de existir um sistema de coordenação, independente das
linguagens naturais, que possa criar a possibilidade de relacionar semanticamente
os conteúdos dispostos nos ambientes informacionais digitais. Para tanto,
desenvolveu-se a Information Economy MetaLanguage (IEML) [Metalinguagem da
Economia da Informação], a qual pode responder a essas necessidades.Os
problemas de interoperabilidade semântica, impedem o desenvolvimento da
inteligência coletiva que tenha como base as plataformas digitais.Com a IEML será
possível visualizar de forma cientifica a inteligência coletiva da humanidade. No
texto, o autor reconhece o aumento dos estudos teóricos relacionados à
inteligência coletiva.
As redes sociais e suas propriedades emergentes
como a inteligência coletiva. A criação do comum
e da subjetividade
Disponível
em:<http://www.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/pdf/teccogs_n2_2
009_artigo_braga.pdf>
BRAGA, E.C. 2009
Revista Digital
de Tecnologias
Cognitivas -
PUC-SP
Analisa a inteligência coletiva como uma característica que emerge das interações
sociais permitidas pelas tecnologias digitais.Ela é compreendida como um capital
social, um bem produzido pelas interações sociais.Discorre sobre algumas
condições de possibilidade da emergência da inteligência coletiva, e observa
ainda alguns mecanismos da Internet que se propõem a desenvolver uma
inteligência coletiva.Aponta que são necessários sistemas de informação que
favoreçam as práticas de inteligência coletiva, que permitam a interação e
comunicação “todos-todos”.
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O futuro da investigação em redes sociais
Disponível em: <http://vogg.com.br/pierre-levy-ministra-palestra-econcede-
entrevista-a-vogg>
LÉVY,Pierre 2010 CIRS 2010
Mostra que devido a evolução, a inteligência coletiva humana é mais desenvolvida
que a dos animais. Quanto à compreensão das redes sociais, afirma-se ser
impossível entendê-las sem antes compreender a comunicação humana. Destaca a
enorme quantidade de informação disponível na rede e a necessidade de os
indivíduos criarem os seus próprios critérios de seleção, para que se encontrem os
sentidos das informações disponíveis. Para a criação da gestão do conhecimento
pessoal, afirma-se que deve se considerar etapas como coleta e agregação de
fluxos de dados, filtragem manual e automática, categorização dos conteúdo,
gravação na memória a longo prazo e síntese do conteúdo organizado.
Fonte: elaborada pelos autores.
Tabela 2: estado da arte da produção sobre inteligência coletiva – entrevistas dadas por Pierre Lévy
no período de 2000 a 2009.
Entrevista Publicação Entrevistador Ano Enfoque dado ao tema "inteligência coletiva"
Um "Chat" Com Pierre Lévy
Disponível
em:<http://www.compsociedade.hpg.ig.com.br/pierre/terra.htm>
Agência RBS
VERAS,
Eduardo.
2000
Afirma-se que os que tem acesso à Internet são
aqueles que estão conectados à inteligência
coletiva. Mostra que quanto mais os sitemas de
comunicação se desenvolvem, mais a inteligência
coletiva tem liberdade.
Roda Viva
Disponível em:
<http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/47/entrevistados/pierre_le
vy_2001.htm>
TV Cultura
MARKUN, Paulo
et al.
2001
Aponta que no futuro poderá haver mais
possibilidades de que as pessoas participem da
inteligência coletiva.O mundo nesse futuro se
organizará mais sob a forma de inteligência
coletiva do que sob os padrões tradicionais
hierárquicos. Quanto às comunidades virtuais,
afirma que a sociabilidade se dará cada vez mais
pelos processos de inteligência coletiva.
Le futur Web exprimera l'intelligence collective
de l'humanité
Disponível em:<http://www.journaldunet.com/itws/it_plevy.shtml>
LeJournalduNet
LOMBARD,
Pierre.
2003
Declara-se que a Web semântica proclama a
inteligência coletiva da humanidade, e que a
inteligência coletiva desenvolve-se devido a
instituição das linguagens e técnicas. Por isso, a
evolução cultural do homem pode ser entendida
como um processo de crescimento da inteligência
coletiva,e o advento da Web pode ser mais uma
etapa dessa evolução. No período, Lévy teria
desenvolvido uma primeira versão de uma
ferramenta open source de representação e
simulação da inteligência coletiva.Ele ainda
menciona que tem o objetivo de construir um
campo de pesquisa e ensino centrado na
coordenação das diversidades.
Poder da inteligência coletiva vai aumentar, diz
Pierre Lévy
Disponível
em:<http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u632868.s
html >
Folha de São Paulo
MINUANO,
Carlos.
2009
É afirmado que a inteligência coletiva é a legítima
plataforma do desenvolvimento dos indivíduos e
da prosperidade econômica.
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Estudioso da cibercultura propõe utilização de
linguagem universal na rede.Projeto faz parte de
desenvolvimento da chamada 'web semântica'.
Disponível em:
<http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1284962-
6174,00.html>
G1
GODOY,
Lopoldo.
2009
Lévy mostra que um dos objetivos do seu projeto,
a Information Economy MetaLanguage (IEML)
[Metalinguagem da Economia da Informação], a
longo prazo, é ajudar no inscrição da inteligência
coletiva no ciberespaço, ou seja, auxiliar as
pessoas a terem o acesso a representação tanto do
que está sendo tratado na rede como até o que as
pessoas estão querendo resolver. Para ele, a
representação verdadeira da inteligência coletiva
é feita por um mapa qualitativo que apresente o
fluxo dos conceitos, dos assuntos, das idéias, e que
mostre as relações semânticas que estão sendo
criadas pelas pessoas.
Pierre Lévy e a linguagem IEML
Disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/2009/07/23/entrevistapierre-
levy-e-a-linguagem-ieml/>
Webinsider- UOL
NEPOMUCENO,
Carlos
2009
Trata dos objetivos da Information Economy
MetaLanguage (IEML) [Metalinguagem da Economia
da Informação] que Lévy tem desenvolvido, sendo
que um deles é resolver o problema de autoreferência
da inteligência coletiva.
Fonte: elaborada pelos autores.
Pode-se observar que o tema inteligência coletiva vem sendo investigado por
diversas áreas do conhecimento. Isso reflete uma das características da inteligência
coletiva - o primor pela diversidade e valorização dessa diversidade. Além disso,
reforça o fato já mencionado que a inteligência coletiva é um projeto global,
irrestrito, e não apenas que se manifesta no plano da subjetividade.
Vê-se também, que nos últimos anos, mais especificamente em 2009, as
proposições de Pierre Lévy acerca da inteligência coletiva têm alcançado
visibilidade na mídia, o que outrora não existia. Supõe-se que isso ocorre pelo fato
de as tecnologias da informação e comunicação passam a permitir que as propostas
da inteligência coletiva tornem-se exequíveis. Os ideais de construção de
comunidades que valorizem os saberes individuais, e que partilhem seus
conhecimentos em uma plataforma comum, deslocam-se das proposições teóricas
tomando concretude na chama sociedade da informação.
Dessa forma, observa-se também que as publicações da década de 90
discorrem de maneira mais teoria e conceitual sobre a inteligência coletiva e sobre
seus temas adjacentes, como o desenvolvimento do ciberespaço e o surgimento da
cibercultura. Atualmente, pode-se observar que as publicações direcionam-se às
manifestações e implicações práticas da inteligência coletiva.
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Nesse sentido, nota-se que as publicações recentes de Pierre Lévy sobre a
inteligência coletiva mostram sua preocupação em criar um mecanismo de
coordenação, de caráter semântico, que independa das linguagens naturais, e que
seja capaz de relacionar os conteúdos presentes nos ambientes digitais. Isso
demonstra uma evolução nos estudos relacionados à inteligência coletiva, uma vez
que passam a ser visualizadas preocupações com o funcionamento da memória dos
coletivos inteligentes nos ambientes digitais até então despercebidas. A atenção
aos problemas de interoperabilidade semântica, mediante ao uso da Information
Economy MetaLanguage (IEML) [Metalinguagem da Economia da Informação],
poderá otimizar as práticas de inteligência coletiva, e permitirá observar tais
práticas de forma empírica (LÉVY, 2007).
Considerações
As investigações sobre inteligência coletiva têm se tornado mais notórias na
contemporaneidade. As possibilidades de coordenação dos intelectuais coletivos
mediante a utilização das tecnologias da informação têm permitido que os estudos
relacionados ao tema adquiram um caráter prático, observando as ferramentas da
informação e comunicação no ambiente Web como facilitadoras das práticas de
inteligência coletiva.
Todavia, ainda vê-se que apesar da multiplicidade das áreas que abordam o
tema, e as possibilidades de sua utilização prática, no bojo da Ciência da
Informação as investigações acerca do tema ainda são tímidas. Vê-se então uma
necessidade da consolidação desses estudos na referida área devido ao fato dela
estar estritamente relacionada às preocupações de estudo das formas de acesso e
distribuição da informação, bem como relacionada às práticas de construção do
conhecimento tanto em ambientes tradicionais, como em ambientes digitais. A
inteligência coletiva altera e influencia tais ações. Por essa razão os estudos de
inteligência coletiva carecem de maior atenção na área de Ciência da Informação.
Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação - 13 -
Espera-se que com o estudo proposto instigar outras pesquisas na área de
Ciência da Informação que se preocupem em analisar os aspectos sociais e culturais
das tecnologias da informação, e que tenham por fim um dos objetivos da
inteligência coletiva – o encaminhamento a uma real democracia da informação.
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1Angela H.C. BEMBEM, graduanda em Biblioteconomia.
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Departamento de Ciência da Informação
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2 Plácida L. V. A. C. SANTOS, Profa. Dra.
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Departamento de Ciência da Informação
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