DAVENPORT, Thomas H., PRUSAK, Laurence.
Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. Tradução Bernadette Siqueira
Abrão. São Paulo : Futura, 1998. 316p.
Apresentação do Livro: Em Ecologia da informação, Thomas H. Davenport apresenta propostas revolucionárias sobre a forma de administrar os sistemas de informação, buscando uma abordagem ecológica que leve em conta o fluxo e o controle da informação na empresa como um todo. Para ele, a informação e o conhecimento são criações humanas, e as grandes organizações só serão bem-sucedidas se perceberem que o fluxo de informações depende das pessoas, não de equipamentos.
Estrutura do livro: Os primeiros capítulos são bem definidos e seguem uma linha sequencial, a introdução descreve a tématica em linhas gerais, em seguida são expostos os erros e problemas anteriores relativos ao gerenciamento de informação e por fim o terceiro capítulo descreve o conceito do que vem a ser Ecologia da Informação. Os capítulos são apresentados da seguinte forma:
• 1º Capítulo: “A informação e seus dissabores: uma introdução” – Introdução da temática do livro.
• 2º Capítulo: “A ilusão do controle: nosso passado informacional” – Discorre sobre os problemas de abordagens anteriores da administração informacional, incluindo uma análise do Business System Planning, da IBM.
• 3º Capítulo: “O melhor dos mundos: ecologia da informação” – Resume os componentes de uma organização ecológica, encerrando com uma visão da Standard Life Assurance (uma das empresas mais bem orientadas ecologicamente).
Resumo: A era da informação em que vivemos, a maneira como se trabalha, compete e a forma como se pensa, ainda sofrerá novas revoluções à medida que a tecnologia da informação se torna um dos setores mais poderosos do mundo.
Ao mesmo tempo em que aumenta o volume de informações disponível aos profissionais e empresas, as dificuldades em lidar com os dados disponíveis de maneira produtiva e rentável começam a se tornar preocupantes.
O autor focaliza o ambiente informacional para a administração da informação, incluindo a situação dos negócios, os investimentos em tecnologia e a estrutura organizacional, não se esquecendo, também, de associar todos esses aspectos ao ambiente externo às organizações, os fatores que interferem no desenvolvimento das instituições, suas parcerias, suas dependências, etc.
Resenha Crítica:
Ecologia da Informação
Por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação.
Thomas H. Davenport
Dizem que estamos em uma nova era, a Era da Informação, e que com o decorrer dos anos a maneira atual como se trabalha e se pensa no mercado mudará radicalmente.
A maioria dos empresários não admite preocupação perante essa previsão, pois acreditam estar seguros com os altos investimentos dedicados à construção e implementações de ferramentas e soluções tecnológicas. Mas porque existem tantas dúvidas e frustrações por trás disso, difíceis adaptações ou pior, insatisfações?
Com as constantes inovações, o objetivo da informação foi esquecido, que é propriamente o de informar. As pessoas perderam o interesse pela informação e além de tudo quando a possuem fecham-se e não a compartilham com outras pessoas. Não estão dispostas a ensinar e dividir o conhecimento adquirido. A informação e o conhecimento, duas obras humanas e intelectuais, são a chave de sobrevivência de qualquer organização, mas é preciso que tomemos consciência de que nós desempenhamos o papel principal, somos os únicos mentores capazes de transformar simples dados em algo mais relevante e produtivo.
Investir somente em novas tecnologias não basta. Os administradores precisam assimilar as variações do mundo dos negócios, adequando-as às mutantes realidades sociais. Isto é chamado “Ecologia da Informação”. Focar mais nas informações como um todo, considerando seu valor empresarial e sobretudo, observando e ensinando as pessoas a lidar com as informações que lhe são passadas.
A maioria dos profissionais da área de TI trata o usuário com pouca paciência, com pouca tolerância, mas o problema está na relação entre pessoas e informação, não na tecnologia ou no usuário em si. Armazenar as informações em grandes bancos de dados, em sistemas diferentes nem sempre é a melhor solução, podendo até, em algumas vezes, prejudicar as empresas ao invés de contribuir, pois a tecnologia sozinha, não é capaz de resolver problemas administrativos e relativos à informação. É preciso capacitar as pessoas, ensiná-las e prepará-las para o correto uso destas informações aliadas à tecnologia.
Vários são os exemplos desses casos, no qual uma empresa dispõem de verdadeiras fortunas investindo em material e ferramentas tecnológicas, acreditando ser este o passo para a solução de todos os problemas, sejam eles financeiros, ou organizacionais. Mas após todo este processo, todo este investimento e tempo dedicado descobre que o foco deveria ser em outro lugar. Percebe que despenderam tempo e recurso no lugar errado. Percebe que o problema não era em ter a tecnologia mais cara e mais atual e sim ter uma boa organização, com excelentes recursos humanos e individuais.
É preciso que a empresa tenha um ambiente favorável, e mesmo que não possua muita tecnologia, ainda terá possibilidade de alcançar sucesso se contar com uma sólida organização, contar com uma boa comunicação interna, no qual toda informação é aproveitada, no qual seus funcionários possuam habilidades, boas práticas e constantes treinamentos. O recurso mais importante e eficiente de uma empresa são as pessoas, elas precisam compreender os processos, são elas que compõe uma equipe capaz de atingir metas, são elas que podem entender e alinhar os interesses dos clientes de qualquer organização.
Nem sempre um bom investimento tecnológico pode ajudar no aperfeiçoamento dos ambientes de informações, a maiorias das empresas não utiliza bem a ecologia da informação, elas ainda não entenderam que é preciso basear-se na maneira como as pessoas criam, distribuem, compreendem e usam a informação.
O aumento de investimentos na tecnologia da informação nas organizações é incomparável, nos EUA são investidas anualmente enormes quantias na área de TI, sendo esta área responsável por mais de um terço do crescimento econômico nos últimos anos. Porém a eficácia no gerenciamento da informação não cresceu na mesma proporção, o diretor-presidente da Computer Associates, Charles Wang, afirma que um terço destes gastos foi desnecessário, simplesmente desperdiçado pela má utilização ou simplesmente pela falta de uso dessas engnhocas tecnologicas. Ele também supõe que um dos verdadeiros problemas é acreditar que só a tecnologia possa resolver todas as dificuldades de uma empresa.
A tomada de decisões de um administrador influencia diretamente toda uma empresa, por isso é preciso ter muito cuidado com todo tipo de informação, é necessário ter atenção a tudo que envolva o ambiente informacional de uma empresa. Qualquer atitude impensada, precipitada ou baseada em dados inúteis pode custar caro.
Há muito tempo as pessoas lidam errado com a informação, tratando-a meramente como dados. É difícil definir informação, sendo ela um termo que conecta dados ao conhecimento.
Os computadores são capazes de gerenciar dados, de gerar gráficos em cima destes dados, mas ainda não são capazes de analisar e construir decisões fidedignamente. Falhas são freqüentes e passiveis. Por outro lado, o conhecimento é a informação refletida, interpretada por alguém, isto a torna valiosa, pois é necessário que uma pessoa acrescente sua sabedoria em cima dos dados puros analisados.
O autor cita o famoso ecologista Garret Hardin, que afirma que, caso você queira administrar um ecossistema inteiro, “nunca pode fazer apenas uma coisa”. Dessa forma, fazendo analogia à ecologia biológica, ele quer impor a idéia de que o gerenciamento de informações é muito mais do que apenas pensar em soluções tecnológicas que usam métodos máquina/engenharia para transformar dados em algo útil.
Os ecologistas da informação podem mobilizar não apenas designs arquiteturais e TI, mas também estratégia, política e comportamentos ligados à informação, além de suporte a equipes e processos de trabalho para produzir ambientes informacionais melhores. Permitindo assim enxergarem mais do que o ambiente informacional imediato de uma empresa , vêem o ambiente organizacional como um todo.
A essa nova abordagem o autor chama de ecologia da informação, que igualmente à ecologia biológica, também surgiu devido a vasta diversidade de suas “espécies”, como a ênfase na observação e descrição de ambientes, a integração entre componentes, a descrição de comportamentos.
A ecologia da informação possui quatro atributos chave. Integração dos diversos tipos de informação, reconhecimento de mudanças evolutivas, ênfase na observação e na descrição e ênfase no comportamento pessoal e informacional. Esses atributos se usados de maneira equilibrada ajudará as organizações a tomarem uma direção mais ecológica.
Contudo trabalhar com essas diversas dimensões não é algo fácil, requer muita competência administrativa e paciência. É uma tarefa difícil. Decidir por onde começar, a qual seqüência de atividade dedicar-se, principalmente quando há muitas ferramentas adequadas. E quando a mudança realmente ocorre, os administradores algumas vezes não conseguem localizar com precisão uma causa ou uma intervenção específica, tornando difícil entender os resultados da ecologia da informação.
O primeiro passo é aceitar que a evolução da vida organizacional é de certa forma um fato. Um grande comprometimento a ser focado é descrever e compreender a existência de um ambiente informacional, integrar os diversos tipos de informação, analisar quem são os supostos usuários relevantes, a fim de facilitar o uso efetivo da informação para os seus verdadeiros interessados.
É preciso compreender que as ecologias informacionais mudam constantemente e por isso os sistemas de informação devem ser flexíveis. Assim como devemos ser mais descritivos ao tratar o gerenciamento de informação, para facilitar a adaptação à dinâmica e constante transformação ambiental e para compreendermos mais profundamente os processos existentes.
Outro aspecto importante é atentar às pessoas, compartilhar informações, confiar e provocar comportamentos positivos. As pessoas ainda são os melhores meios para identificar, filtrar, interpretar e integrar informação.
O uso eficiente de uma pequena quantidade de informação substitui a preocupação com a geração de enormes quantidades de informação. O ponto essencial dessa nova abordagem é que ela procura devolver o homem ao centro do mundo da informação, colocando a tecnologia a serviço dele (homem) e não no seu comando.
Quando o homem assume o controle, e entende que ele é o centro de todo o processo informacional, ele começa a compreender o modelo ecológico e possivelmente maximizará o gerenciamento da informação. Conhecendo os ambientes, mesmo que estes pareçam distintos, o homem percebe que eles se sobrepoem e afetam todo o sistema.
Na ecologia da informação existem três ambintes. O ambiente informacional, organizacional e externo, sendo que o ambiente informacional e organizacional são geralmente afetados pelo ambiente externo, que representa o mercado, os concorrentes e a política, culminando em uma sobreposição e assim proporcionando o envolvimento dos três ambientes em iniciativas informacionais. Mas para que isto ocorra é necessária uma descrição e a compreensão de todo o cenário em que a informação é utilizada.
Descrevendo estes cenários, a começar pelo ambiente informacional que abrange seis componentes:
1. Estratégia da informação: Utilizada para a administração de recursos.
2. Política da informação: Considera o poder exercido pela informação e sua forma de utilização.
3. Cultura e comportamento: Compartilhamento de informação.
4. Equipe da informação: Lida com as modalidades de informação mais valiosas.
5. Processos de administração informacional: Demonstra a execução do trabalho.
6. Arquitetura da informação: Referências para a estruturação e localização das informações.
O ambiente organizacional abrange três componentes:
1. Situação dos negócios: Maior atenção para as estratégias e processos de negócios e orientação dos recursos humanos.
2. Investimentos em tecnologia: Maior acesso às informações através de mais recursos tecnológicos.
3. Distribuição física: Aspectos físicos na troca de informações situadas no mesmo espaço.
O ambiente externo abrange três componentes:
1. Mercados de negócios: Criação de condições de negócios dificultando a obtenção e gerência das informações.
2. Mercados tecnológicos: Compra e venda das tecnologias mais avançadas.
3. Mercados da informação: Negociação de tendências industriais, em busca de obter novos recursos importantes para a maior eficiência de ecologias informacional.
As alterações em uma ecologia informacional ocorrem, entretanto não se trata de um processo fácil, pois ao alterar um ambiente, conseqüentemente algum ou todos os outros serão afetados, logo concluísse que as mudanças corretas estão ligadas principalmente à um estrutura organizacional, cultural, distribuição física, dentre outros componentes do modelo, e não somente ao suposto aspecto estratégico.
Por fim, o autor nos apresenta um caso de sucesso da correta utilização do modelo da ecologia informacional. Descreve os passos da empresa Standard life Assurance, empresa do ramo de seguros de vida do Reino Unido e uma das maiores e mais lucrativas do mundo.
Em 1993, foi criado uma nova equipe de informação na Standard life Assurance, chamada de gerenciamento e arquitetura informacional, para planejar e iniciar caminhos para aperfeiçoar a situação global do ambiente de informações. Reconheceu-se um grande número de problemas na área, incluindo a dificuldade em levar as pessoas a perceber e a compreender a questão da informação de maneira padronizada, a dificuldade em definir e focalizar projetos de informação de modo a que levassem a resultados tangíveis, e uma ampla tendência de tratar informação como dados.
Em 1994, Chester Simpson, que liderou o grupo de gerenciamento e arquitetura informacional, desenvolveu um modelo genérico que conseguiu bons resultados, distribuindo informações confiáveis e seguras, melhorando a comunicação e a distribuição física dentro da organização como um todo, melhorando a forma como as informações eram armazenadas, coletando informações da concorrência e aperfeiçoando as informações e o conhecimento sobre os seus próprios clientes.
Dessa forma, a Standard Life Assurance finalmente deixou para trás a retórica fácil sobre a importância da informação para o sucesso nos negócios, desenvolvendo projetos e atuando em áreas às quais normalmente não se dedicava.
Indicação de leitura: Recomendamos o livro a todos os gestores, administradores, gerentes e demais profissionais da área de informática.
O livro faz uma abordagem da Ecologia da Informação, e nos envolve do começo ao fim com situações que exemplificam essa realidade, com cases de sucesso e com metodologias retóricas que ilustram e comparam as diferenças do uso dessa nova visão no gerenciamento de informações.
O texto traz em síntese a importância de analisarmos os ambientes organizacionais em sua totalidade, observando cada aspecto relevante e todos os setores que envolvem a empresa.
Em suma é uma excelente oportunidade de conhecermos questões e nos familiarizarmos com o que nos espera num futuro próximo.
Sobre o Autor: Thomas H. Davenport é um autor norte-americano e escreve livros que tratam de sistemas de informação, mais precisamente da gestão da tecnologia da informação.
Davenport é Ph.D em Sociologia (1980) e Ph.D em Programas de Negócios (1982) pela Universidade Harvard (Cambridge, MA).
Com 44 anos, tornou-se um dos mais importantes autores norte-americanos.
Seus livros abordam temas relacionados principalmente a gestão desses sistemas de informação, mostrando não somente a visão fascinada pelos mesmos, mas sim problemas relacionados à organização desses sistemas, e possíveis soluções.
Dessa forma, adquiriu a denominação de um "analista de paradoxos".
Ficou conhecido pelo mundo todo através de seu livro "Information Ecology" (Ecologia da Informação), editado pela Universidade de Oxford em 1997, neste o autor trata da gestão da informação sob ponto de vista tradicional, o investimento em novas tecnologias que a maioria das vezes ao invés de solucionar possíveis problemas, acaba por acarretar outros.
Davenport foi autor, co-autor e editor de outros dez livros, das primeiras obras sobre reengenharia de processos empresarias e sobre agregação de valor utilizando sistemas empresariais.
Escreveu junto com Laurence Prusak o best-seller "Conhecimento Empresarial", que aborda a gestão do conhecimento.
É autor de mais de cem artigos para publicações como Harvard Business Review, Sloan Management Review, Califórnia Management Review, Financial Times, entre muitas. Ele também é colunista das revistas CIO, Information Week e Darwin.
Em 2003, pela revista Consulting obteve a classificação entre os "25 Melhores Consultores".